terça-feira, 21 de julho de 2009

O Passe mágico da fotografia: Guaicurus



Quando relatei sobre o passe mágico da fotografia, todos pensaram que esse passe mágico que existe em todas as câmeras só te leva em lugares fascinantes e agradáveis. O passe mágico na verdade te tira do seu mundinho e te dá acesso a uma realidade completamente diferente da sua, na maoria das vezes, de forma inesperada. Minha última aventura foi a tentativa de fotografar na famosa Guaicurus e seus bórdeis infames. Apesar do resultado das fotos ter sido fraco, devido à proibição de se fazer fotos no local, a experiência vale a pena compartilhar. Trabalhar com fotografia implica em estar disposto a aceitar desafios e entregar algo que seu cliente possa usar no fim do dia. A reportagem descreve parcialmente a aventura, apesar de deixar de fora a descoberta de um bar sinistro em um dos puteiros em um terraço cabuloso com direito a uma piscina e imagens de santos espalhados pelo local. Segue abaixo a reportagem do ilustre Bernardo Biagioni que saiu no On The Road na Revista Ragga.



Corredores do Sexo
Bernardo Biagioni


Agora são algo em torno de 3hr da madrugada. O silêncio é reconfortante, todas as entranhas da cidade estão enfim estiradas para o descanso. Dormem os velhos, os novos, os músicos e dormem os taxistas, essa legião selvagem que perambula pelas veias asfaltadas dos centros imundos e mal iluminados. Escrevo do 21º andar de um prédio de azulejos brancos e pequenos, estão todos descascando e perdendo o brilho. Pela janela correm os últimos carros do fim-de-semana. Aceleram, correm e vão. Vão para onde devem ir. Puxo na prateleira uma caixinha de CD, rodo o disco entre os dedos e preparo a televisão. Calculo o volume, apago as luzes sem parcimônia e deito na cama. Estou pronto para um pornô.
A recomendação foi de um amigo: "Chegando em casa, assista a um filme bem sacana, cara!". Ele estava visivelmente preocupado com o deadline desta minha reportagem. "Procura os 'longas' do Rocco. Nada melhor que aquelas italianas gostosas e todos aqueles cacetes gigantes". Concordei com os olhos e aumentei o volume do rádio para o assunto não ir muito longe. Na verdade sempre me interessei muito pela 'história' dos filmes pornôs. Grandes loiras nuas vestidas de salva-vidas em lojas de departamento abandonadas depois de uma terceira Guerra Mundial. Elas socorrem um sargento no vestiário, começam com uma respiração boca a boca e aí não param mais. Muito "eletrizante", digamos. Eu precisava de inspiração e talvez essas aventuras pudessem ajudar.
Hoje acordei às duas horas da tarde e liguei para o fotógrafo Bruno Senna ainda na cama. "Vamos lá na Guaicurus?". Minha pauta era sobre os "corredores do sexo" clandestinos de Belo Horizonte, velhos prédios apagados e criminalmente preocupantes que avançam sobre o céu do shopping Oiapoque, no Centro da cidade. Não vou falar se ele se entusiasmou ou não, porque isso pode ferir sua dignidade. (Animou na hora). Encontramos na Savassi e partimos para o coração do Sexo. Qualquer mineiro que tenha passagem pelo submundo da capital sabe muito bem que ali o pau quebra. Literalmente. Jesus teria dito: é a Babilônia.
Mas quem atendeu a gente em um dos estabelecimentos não foi Jesus. Rogério Santiago, cujo sobrenome inventei agora, contava notas de cinquenta reais com as duas mãos trabalhando em perfeita sincronia. "Estamos passando por algumas reformas no prédio e as luzes ainda não foram acesas. Aqui já dá problema iluminado. Sem luz então...", soltou, como um filósofo imaculado por uma sabedoria grega, nômade e tropical. Disse que poderíamos fazer as fotos, "desde que as meninas aceitem", e apertou algumas de nossas mãos com firmeza. Rogério é gerente da Pensão, uma das construções mais visitadas da Guaicurus, e ganha a vida alugando pequenos quartos para "moças de família".
Cada garota organiza o seu próprio quadrado. Uma cama, uma prateleira, um rolo de papel higiênico e um som tímido e dissonante. Escutam funk, "mexem a cadeira", arriscam caretas de cachorra e se lambem carinhosamente. "Quero gozar", gritam as mais afoitas e indelicadas. O fotografo Bruno Senna tenta negociar uma foto e enquanto está armando o tripé a morena pergunta: "Tá armando a barraca, gostoso?" Ele nega, têm as bochechas coradas, e ganha um aperto na bunda. "Gostoso!", provoca de novo a desonesta.

O programa varia entre R$15 e R$45, tudo depende do tempo em que o serviço será prestado - Como uma lan-house. Elas cobram adiantado, não escondem o sorriso pecaminoso depois de garantir um cliente e gritam escandalosamente. "Quanto mais alto o grito, melhor a trepada", aconselha um sujeito.

No Ar somente o cheiro de desinfetante e um barulho pouco confortável. A eguinha pocotó não se cansa de afogar o ganso. Tudo isso no Centro, tudo isso a quinze minutinhos da sua casa. Enquanto você folheia essa revista e cria cenas perversas na cabeça, algum outro corpo agoniza seus valores sacros nos "corredores da cidade". É a dança libertina, inescrupulosa e lucrativa do sexo. Sempre o Sexo.

3 comentários:

Anônimo disse...

wow.....cabuloso hein...

Anônimo disse...

hahahhahahahahhahaa

deves ter uma bela bunda....

bjos...

bela..

Unknown disse...

UAHUAHUAHUAHAUHAU
queria mtoo ter visto sua cara!
quando ela apertou sua bunda!
ui gostoso!
ahahhahahahahahahauhuahusahsuahiashsaiuhsa